terça-feira, 21 de setembro de 2010

11 homens e um segredo!

O filme exibido pelo cinema aberto dessa semana é o Onze Homens e Um Segredo, de 1960 do diretor Lewis Milestone.

Quem não viu as carinhas lindas de George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, e pra não deixar as mulheres de fora, Julia Roberts no remake de 2001, do mirabolante Soderbergh?

Vale a pena conferir a divertida versão original do filme!

Como sempre, às 16h, na Sala de Diagramação da Faculdade de Comunicação da UFJF!


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Scarface




Scarface é o filme que abre as discussões do segundo módulo do Cinema Aberto, com o tema "Originais X Remakes".




A versão original do filme é de 1932, e dirigido por um dos diretores mais famosos de Hollywood na época, Howard Hawks.





Já a versão remake, é de 1983, dirigido por Brian de Palma, e com a atuação do queridinho-para-sempre-mafioso Al Pacino.

Questões de gosto à parte, os dois filmes são muito bons! Nessa primeira discussões devemos debater um pouco o que são os remakes e comparar as versões desses filmes, entender seus contextos históricos e até criar uma grande polêmica de qual é o preferido!

Esperamos por vocês!





Seguem alguns links sobre remakes, para quem deseja se aprofundar no assunto:





segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Programação Setembro 2010





O Cinema Aberto está de volta nesse segundo semestre com o tema "Original ou Remake?". A idéia é conversarmos sobre essa tendência que está em alta de refazer filmes, principalmente no cinema hollywoodiano.


O debate deve girar em torno do que são os remakes, comparar as versões dos filmes, levando em conta o contexto em que ambas foram produzidas, e, principalmente, tornar acessível as versões originais, que na maioria das vezes são desconhecidas por parte do público.


Programação:


09/09/2010

Scarface – Howard Hawks, 1932

(Remake: Scarface – Brian de Palma, 1983)

16/09/2010

Guerra dos Mundos – Byron Haskin, 1953

(Remake: Guerra dos Mundos – Steven Spielberg, 2005)

23/09/2010

11 Homens e um Segredo – Lewis Milestone, 1960

(Remake: 11 Homens e um Segredo – Steven Soderbergh, 2001)

30/09/2010

Abre los Ojos – Alejandro Amenábar, 1997

(Remake: Vanilla Sky – Cameron Crowe, 2001)





Lembrando que vamos exibir somente as versões originais e receberá o certificado quem obtiver 70% de frequência.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Transamérica, temática gay sem estereótipos.

Realizado de forma independente,essa produção norte americana de 2005 foi dirigida por Duncan Tucker, que teve a ideia de filmar sobre transgêneros depois de descobrir que a garota com quem dividia um apartamento há quatro meses era na verdade um homem.
Depois disso, Tucker criou a personagem Sabrina(Felicity Huffman),registrada como Stanley e que luta para realizar sua cirurgia de mudança de sexo.
Apenas uma semana antes de concretizar seu grande sonho,Sabrina (ou Bree,como gosta de ser chamada) descobre ter um filho adolescente,Toby(Kevin Zeger). Com essa revelação, a terapeuta de Bree, interpretada por Elizabeth Peña,recusa-se a assinar a autorização para sua cirurgia,obrigando Bree a se aproximar do filho. Os dois fazem,então, uma viagem pelo pais e vão se conhecendo, se aproximando de forma lenda,muito gradativa.
Fica muito claro ao longo do filme,como as mudanças s
ão sutis nos dois personagens e como a estrada contribui para isso tudo. Se Bree e Toby tivessem ido morar juntos logo de cara, por exemplo, parece que essa mudanças que ocorrem no modo dos dois encararem o outro e a si mesmos,não teria ocorrido. A tal liberdade, a falta de limites (subjetivos e fisicos) da estrada que aproximam pai e filho.
Interessante reparar como o filme apresenta, sem estardalhaços,o conservadorismo ainda vigente na sociedade norte-americana. Bree
é uma pessoa a margem dessa sociedade e se relaciona,majoritariamente,com pessoas de setores tambem marginalizados. Ela trabalha num restaurante mexicano, sua terapeuta é portenha, seu único interesse amoroso visível é um trabalhador índio, e a própria família – a mãe perua (Fionnula Flanagan), o pai submisso (Burt Young) e a irmã arredia (Carrie Presto) – é, apesar de ter um padrão de vida confortável, claramente outsider. A sugestão é evidente: a classe média WASP (brancos, anglo-saxões e protestantes) não aceita bem pessoas como eles.
Muitos filmes que versam sobre o tema da homossexualidade,transsexualidade não são bem recebidos pelo proprio publico gay, que não se enxerga em personagens por demais caricatos e distantes de sua realidade. Esse nao é o caso de Transamérica.
Um roteiro que não esteriotipa e a grande atuação da protagonista foram o ponto crucial para que o filme fosse bem aceito pelo publico LGBT`s.
A caracterização de Sabrina foi composta a partir de uma pesquisa minunciosa sobre o mundo dos transsexuais e trans
gêneros feita pelo diretor. E no decorrer do longa percebemos que Felicity Huffman percebeu,realmente, essa realidade,vivendo uma mulher angustiada, que tem nojo do próprio pênis e se sente presa no corpo de um homem. Ela,inclusive,conviveu com alguns transexuais para fazer o papel e teve uma consultora no set de filmagem.
A atriz,que interpreta a personagem Lynette Scavo na serie de TV americana Desperate Housewives, foi vencedora do Globo de Ouro por sua atuação em Transamérica e perdeu o Oscar de Melhor atriz (para muitos,injustamente) para Reese Witherspoon por "Johnny e June".
Vale ressaltar que existem outros Road Movies que abordam esse tema,como
Priscilla a Rainha do Deserto, de 1994 com Terence Stamp, Hugo Weaving e Guy Pearce que interpretam três drag queens viajando pelo deserto australiano enquanto apresentam um divertido show. O transporte é um ônibus caindo ao pedaços batizado de ''Priscila''. O filme venceu o Oscar de melhor figurino.

Natural Born Killers, a maior provocação de Oliver Stone.


Dizem que, se JFK é o melhor filme de Oliver Stone,Natural Born Killers,ou Assassinos por Natureza,
é sua maior provocação.
O longa de 1994 conta a
história de Mickey e Mallory Knox (Woody Harrelson e Juliette Lewis),um casal de serial killers que cruza os EUA protagonizando uma matança que chama a atenção da mídia,retratada pelo personagem de Robert Downey Jr., o apresentador Wayne Gale.
O filme pode ser dividido em duas narrativas contadas por dois pontos de vista diferentes- a primeira,pelos protagonistas - enfoque na história de amor, e nos traumas que fizeram eles serem o que eram, depois contada pela
mídia-sensacionalismo,exploração do bizarro e criação de mitos.A mídia norte americana é, com certeza, também protagonista dessa história.(Muita gente considera,inclusive,a imprensa como a verdadeira personagem central do longa).
Wayne persegue os assassinos de forma obssessiva e a cobertura massiva da imprensa acaba colocando Mickey e Mallory como superstars, os dois ganham fãs pelo país.
O roteiro de Assassinos por Natureza foi assinado por ninguém menos que Quentin Tarantino,diretor de filmes(incríveis)com boas doses de violência, como Pulp Fiction(1994) e Bastardos Inglorios(2009).
A trilha sonora do longa, que é indiscutivelmente boa, lembra muito as trilhas dos filmes de Tarantino, oscilando entre o rock pesado do Rage against the machine e a voz leve de Leonard Cohen.
Entretanto,traços “claramente tarantinescos”no filme param por aí, ja que Oliver Stone modificou(muito)o roteiro original . Em média, 150 cenas foram cortadas ou reescritas,com o intuito de abrandar a censura no lançamento do filme. Com tantas modificaçoes, a edição de Assassinos por natureza demorou onze meses para ser feita.
Mas tanto cuidado nao foi suficiente para livrar os produtores de serem processados nos Estados Unidos.Um casal afirmou ter visto o filme antes de cometer um crime e alegou que teria sido a história de Mickey e Mallory que os instigou.
Se o casal de namorados serial killers influenciou crimes não se sabe,mas fato é que Mickey e Mallory foram inspirados em um casal real, que passou um mês viajando pelos Estados Unidos na década de 50,Charles Starkwheater e Caril Ann Fugate(s
ão eles mesmos na foto ai em cima). Starkwheater tinha 18 anos e Caril Ann, 14. Os dois assassinaram onze pessoas ao longo da viagem.
Essa
história nao inspirou somente Oliver Stone, mas rendeu outros filmes (como Starkwheater,de 2004), musicas como Nebraska, de Bruce Springsteen, canção-título de seu álbum solo de 1982,que baseia-se nestes eventos e,conta-se ainda que Stephen King, mestre das histórias de horror, foi fortemente influenciado por leituras que fez sobre os assassinatos Starkweather,criando variaçoes do assassino em suas obras.
Mais do que apenas retratar serial killers que sao romanceados pela cobertura da
mídia sobre seus crimes, Assassinos por natureza escancara sentimentos politicamente incorretos que todos temos, como a simpatia pelo casal de assassinos e a torcida por Michey e Mallory que acaba vindo no decorrer do filme.
Por fim,apesar de ser uma produção violenta e que expoe uma imprensa sensacionalista e oportunista,Stone defende que o verdadeiro tema do filme é a liberdade. Como o próprio diretor comentou :
“In its own way, Natural Born Killers is ultimately a very optimistic film about the future. It’s about freedom, and the ability of every human being to get it” (”Em seu próprio jeito, Assassinos por Natureza é fundamentalmente um filme muito otimista a respeito do futuro. É sobre liberdade, e a habilidade de todo ser humano de conquistá-la”).

quinta-feira, 24 de junho de 2010

I Put a Spell on You- sobre "Stranger than Paradise"

Screamin’ Jay Hawkins é o intérprete da famosa canção de jazz “I put a spell on you”, tema do filme “Stranger than paradise”. Hawkins sempre foi um excêntrico: é conhecido precursor das extravagantes e controversas performances no palco, o "shock rock", desde Ozzy Osbourne até Marilyn Manson. Em trajes africanos, em sua mão direita um cetro do vodu, maquiagem branca no rosto e uma voz quase surreal, no sentido macabro da palavra, foi uma solitária figura em um meio tão tradicional como o blues. Interessante é perceber que sua versão da música tema, famosa pela interpretação de Nina Simone, é de fato oposta ao ar romântico e melancólico comumente associados à canção. É uma voz estridente, gritante, cadenciada e ritmada pelo que seria quase uma dança tribal; ao invés de causar furor, causa profundo estranhamento ao dizer “Eu coloquei um feitiço em você, porque você é minha”. Tudo estava lá, a excentricidade, a obsessão, a raiva, a gritaria...


É justamente sobre isso que Stranger than Paradise versa. Os planos longos, abertos, as cenas com alto contraste entre o preto e o branco. Ao nível da narrativa, a estupidez, a mediocridade, a saudade, o desejo, o estranhamento. São os Estados Unidos longe da versão oficial, se é que ela de fato existe. Fato é que assim os personagens a vêem, Jarmusch a vê, e nós, espectadores, vemos uma América conflitante, oscilante, sob a ótica de dois homens e uma mulher, estrangeiros de si mesmos.


Nesse ponto, encontramos dois níveis de entendimento do filme: de um lado temos dois húngaros e um americano, todos alheios a quem são, ou para aonde vão, se é que possamos expressar dessa forma; de outro, temos uma terra que também é alheia aos que nela vivem e nascem. Trailers, apartamentos pequenos, bairros perigosos, motéis de beira de estrada, almoço enlatado... É a nação que está sempre pronta a partir, a mudar, -a se locomover.


De fato, os personagens encarnam o sentido da palavra “ocasional”, “efêmero”. Eles estão ali por simples golpe de sorte, destino. São os que sempre estarão nas margens de qualquer construção social, de qualquer relacionamento, moda ou mainstream. São os que causam pavor à consciência da classe média, ao olhar confortável. São os que vivem a constatação do estabelecido, não por escolha, mas simplesmente porque assim o são, assim nasceram e assim serão. Jarmusch conta suas histórias. Desde seu primeiro filme “Permanent Vacation”, até os mais recentes, como “Flores Partidas”.


Por fim, é na estrada que eles se encontram, no lugar de transição, em um “não-lugar”. Flórida parecia o fim da viagem, um lugar de sonho e realização. Flórida é somente a Flórida no final das contas, e é tão selvagem, cruel e igual à Nova York ou qualquer outra cidade. Eva, personagem húngara no filme (sendo também a atriz que a interpreta, além de ex-dançarina de boate), encontra-se na encruzilhada ao fim do filme: Hungria ou Paris? Por fim, volta ao hotel vagabundo, se senta e respira fundo. Ali, talvez, seja seu lugar. O lugar, quiçá, destes que são os Estados Unidos e que, contudo, não são nada além do que notas de rodapé nos livros de história.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Natural Born Killers






Assassinos por Natureza (Natural Born Killers) é o filme que o Cinema Aberto vai exibir essa semana. De 1994, o road movie é do diretor Oliver Stone, com o roteiro do louquíssimo Quentin Tarantino, e a atuação do narigudo Woody Harrelson , e da doce Juliette Lewis, a mesma da banda Julliete and de Licks. (http://www.myspace.com/julietteandthelicks)






Um road movie que segue a tendência casal-criminosa, que foi inaugurada em belíssimo estilo com o filme Bonnie and Clyde (Uma rajada de balas), de 1967, dirigido por Arthur Penn e produzido por Warren Beatty. Com atuações de Faye Dunaway e do próprio Beatty, o filme foi um dos primeiros da chamada geração da "Nova Hollywood". (Vale a pena dar uma olhada!)




A sessão ocorre na Facom, às 18h, sala ainda a decidir!

Caso alguém queira se aprofundar, há leituras no livro The Road Movie Book, disponível no google books!




Por Marina Botelho

domingo, 30 de maio de 2010

Programação Mostra de Ouro Preto


Galera,

A Programação da 5a Mostra de Cinema de Ouro Preto já foi divulgada!!

Confiram no site

www.cineop.com.br


Participem!

Hopper se foi



Gente, Dennis Hopper finalmente chegou no final da estrada!

Confiram a matéria, do site de Portugal: http://www.publico.pt/

É um pouco da história de Hollywood que desaparece com a morte de Dennis Hopper. Ainda hoje recordado por "Easy Rider", um dos filmes-chave da “nova Hollywood” que abanou os alicerces do sistema dos grandes estúdios, Hopper foi contudo também o fotógrafo alucinado do "Apocalypse Now" de Coppola ou, sobretudo, o vilão psicótico de "Veludo Azul", depois de ter sido actor nos anos de 1950 na televisão e em filmes como "Fúria de Viver" e "Duelo de Fogo"

Mas a verdade é que este ícone da contra-cultura psicadélica dos anos 1960 e 1970, vilão “de serviço” a êxitos como "Speed" ou "Waterworld", não tinha muito a ver com essa imagem de rebeldia. O verdadeiro Dennis Hopper estava muito mais próximo do artista nova-iorquino que interpretou em "Elegia" (2008) de Isabel Coixet, ou do seu general na série televisiva "E-Ring – Centro de Comando".

Pintor, escultor e poeta, simpatizante do Partido Republicano (para cujas campanhas eleitorais contribuiu repetidamente, embora nas últimas eleições tenha apoiado Barack Obama para Presidente), Dennis Hopper foi fotógrafo aclamado, documentando a Hollywood cujas conturbadas transformações acompanhou ao longo de quase 60 anos de carreira.

E foi também coleccionador de arte, proprietário de originais de Andy Warhol, Jasper Johns, Roy Lichtenstein ou Jean-Michel Basquiat (curiosamente, Hopper faria parte do elenco da biografia de Basquiat rodada em 1996 pelo artista Julian Schnabel).

“Lista negra” dos estúdios
Era, aliás, para uma carreira artística que Hopper, nascido em Dodge City em 1936, parecia fadado.

Mas, “mordido” no liceu pelo “bichinho” da representação, estudou no lendário Actor’s Studio, e estreou-se como actor em 1955; na televisão, alinhando em todas as grandes séries da época, e no cinema com um contrato com a Warner Bros., iniciado com um papel secundário no lendário "Fúria de Viver" (1955), de Nicholas Ray, onde se travou de amizade com James Dean. A sua guerra surda com o veterano Henry Hathaway nas rodagens de "O Homem que Não Queria Matar" (1958), contudo, pô-lo na “lista negra” dos estúdios, levando-o a regressar à fotografia como actividade principal.

O que salvou Hopper foi a contra-cultura psicadélica da Costa Oeste e o seu encontro com dois outros actores emergentes, Peter Fonda e Jack Nicholson. O resultado foi a sua estreia na realização, "Easy Rider" (1969) — road movie de um novo tipo, onde dois hippies motociclistas (Fonda e Hopper) atravessavam as paisagens míticas dos EUA e encontravam o oposto do “sonho americano”.

Influenciado por cineastas experimentais como Bruce Conners e filmado independentemente por 400 mil dólares, "Easy Rider" tornou-se num fenómeno estético e cultural gigantesco (e global, vencendo o prémio de Melhor Primeira Obra em Cannes). Juntamente com o êxito de "Bonnie and Clyde" (1967), de Arthur Penn, o filme abriu as portas à “nova Hollywood” - a geração de cineastas que, encabeçada por Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Peter Bogdanovich ou William Friedkin, tomaria de assalto a “Meca do Cinema” nos anos seguintes.

Mas o desastre crítico e comercial do seu segundo filme, "The Last Movie" (1971), cuja rodagem turbulenta no Peru foi acompanhada por um prodigioso consumo de álcool e drogas, tornou-se numa antevisão do que aconteceria a essa geração de cineastas, literalmente intoxicados pelo poder.

“Queimado” em Hollywood, Hopper passou os anos 1970 a alinhar papéis de subsistência em filmes de baixo orçamento, com participações em "O Amigo Americano" (1976), de Wim Wenders, ou "Apocalypse Now" (1979), de Coppola, a mostrarem que o seu talento andava a ser subaproveitado.

“Eu sou o Frank Booth”
A verdadeira reabilitação viria depois da sua desintoxicação, quando insistiu com David Lynch para que o deixasse interpretar o psicótico Frank Booth em "Veludo Azul" (1986) — porque, segundo reza a história, Hopper teria dito a Lynch que “eu sou o Frank Booth”, numa referência velada às suas vivências extremas dos anos 1960 e 1970.

A força da sua interpretação, combinada com a nomeação nesse mesmo ano para o Oscar de melhor actor secundário no filme "A Raiva de Vencer" de David Anspaugh, ressuscitou-o para Hollywood. Permitiu-lhe regressar à realização (com "Los Angeles a Ferro e Fogo", de 1988, "Testemunha Involuntária" e "Ardente Sedução", ambos de 1990, e "Guardas Prisionais", 1994) e filmar com gente tão díspar como Alex Cox, Tony Scott, John Dahl, Abel Ferrara, Allison MacLean, Ron Howard, George A. Romero ou Wim Wenders.

A sua última prestação como actor ocorreu na comédia de Linda Yellen "The Last Film Festival", ainda inédita.

Hospitalizado de urgência em Setembro de 2009, foi diagnosticado com cancro da próstata em estado avançado, e fez a sua última aparição em público a 26 de Março último, quando da colocação da sua estrela no Hollywood Walk of Fame, o célebre “Passeio das Estrelas”.

Dennis Lee Hooper morreu em sua casa em Los Angeles na manhã de 29 de Maio de 2010, aos 74 anos de idade. Casado por cinco vezes, deixa quatro filhos e dois netos.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Jim Jarmusch nesta quinta-feira!


Pessoal, o filme dessa quinta-feira do Cinema Aberto é Strangers than Paradise, de Jim Jarmusch.
A sessão será na sala 10 da Facom, às 18h.

Para quem se interessa,
Segue abaixo um texto do próprio diretor falando sobre a obra.


By JIM JARMUSCH NYC MARCH 1984

The STORY : STRANGER THAN PARADISE is a story about America, as seen through the eyes of ‘strangers’. It’s a story about exile (both from one’s country and oneself), and about connections that are just barely missed.

The STYLE : While shooting the film someone outside the production asked me what kind of film we were making. I wanted to tell them that it was a ”semi-neorealist black-comedy in the style of an imaginary Eastern-European film director obsessed with Ozu and familiar with the 1950’s American television show ‘The Honeymooners’”. Instead I mumbled something about it being a minimal story about Hungarian immigrants and their view of America. Neither answer is right, but the question made me aware that its easier to talk about the style of the film than ‘what its about’, or what happens in the story.

I wanted the film to be very realistic in its style of acting and the details of its locations, without drawing much attention to the fact that the story takes place in the present. The form is very simple : a story told in fragments, with each scene contained within a single shot, and each separated by a short period of black screen. (This form was originally ‘inspired’ by financial limitations, and limitations in our shooting schedule--but these were known before the script was written, and we wanted to turn these limitations into strengths.) Carl Dreyer, in one of his essays, wrote about the effect of simplification, saying that if you remove all superfluous objects from a room, the few remaining objects can somehow become ”psychological evidence of the occupant’s personality”. Instead of applying this idea just to physical objects in STRANGER THAN PARADISE, it is applied to the formal way the story is told. Simple scenes are presented, in chronological order, but often independent from one another. Only selected moments are presented, eliminating, for the most part, points of ‘dramatic action’. Films must find new ways of describing real emotions and real lives without manipulating the audience in the familiar, maudlin ways, and without the recently fashionable elimination of all emotion. [End page 1]

The ACTING : Given this style, the acting becomes even more critical. In this form, every shot is a master shot. Cutting cannot improve the performances through selection or elimination. If mistakes are made by the actors, the scene must be completely reshot. Scenes were carefully scripted and rehearsed in advance, but with freedom for the actors to bring their own ideas to the characters while rehearsing. The central actors are not highly trained ‘dramatic’ actors : John Lurie is a musician/composer/performer/actor, Eszter Balint is a member of Squat Theater (whose plays do not use realism as their foundation), and Richard Edson is also a musician/composer/performer. But these actors were able to create realistic characters, hopefully without ever calling attention to themselves as ‘actors’. Nick Ray used to insist that if you even stop to think about the ability of a given actor in a film, then you have lost the character being portrayed, and the acting is useless.

The CINEMATOGRAPHY : Once again, because of the style of this film, each shot had to be choreographed, in terms of the action and the camera. Many shots are static, while others follow the characters, changing compositions and perspective within a given shot. Tom DiCillo and I tried to make each shot as simple and as strong as possible, while reinforcing the central ‘feeling’ of each scene. It was also important to us to create a kind of uniform atmosphere throughout the film. STRANGER THAN PARADISE includes three sections (or ‘chapters’)-- each filmed in a different par of the U.S. : THE NEW WORLD (filmed in New York), ONE YEAR LATER (filmed in Cleveland) and PARADISE (filmed in Florida). Even though these locations each have a very different feeling, we accentuated the sameness through lighting, filtration, and composition of shots. Of course, filming in black & white enabled us to eliminate information (color) that was not necessary to our story. In the end, the effect of the cinematography and the form of the film, suggests a photo-album, where individual photos are surrounded by black spaces, each one on a different page.

Transcribed by Ludvig Hertzberg


domingo, 23 de maio de 2010

We blew it!


Easy Rider – O símbolo do Road Movie

Em nosso primeiro encontro do Cinema Aberto foi exibido o filme Easy Rider, de 1969, dirigido por Dennis Hopper, produzido por Peter Fonda e com os dois como protagonistas.

A discussão girou em torno dos objetivos das atividades e de uma possível delimitação de características dos Road Movies enquanto estratégia de discurso cinematográfico.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Easy Rider é fruto de uma geração que viveu o fenômeno da contracultura nos Estados Unidos. Uma geração que presenciava a Guerra do Vietnã e se pautava por elementos da cultura hippie, do movimento new age e pela busca da liberdade.

O amor livre, o uso de drogas enquanto busca por outras percepções de mundo e a música rock n´roll ditavam todo um modo de comportamento. Pela primeira vez a geração se via retratada nas telonas.

O filme Easy Rider é um exemplo bem consolidado de Road Movie pois constrói um duplo diálogo em relação ao momento em que surgiu no cinema hollywoodiano e em relação à sua temática e a forma como a sociedade lidou com ela.

Já na década de 60, os antigos produtores viviam uma grande estagnação e talvez os últimos dias da Hollywood como conheciam. Já se passara o tempo das grandes produções de estúdio, dos clássicos westerns, noirs e consagrados musicais. Surgiam nos EUA as primeiras escolas de cinema e jovens cineastas que buscavam por um meio de produzirem seus filmes e conseguirem visibilidade.

As chances não eram muitas, pois a grande maioria das produtoras estavam nas mãos dos velhos e tradicionais nomes da produção cinematográfica, pouco favoráveis a mudanças.

Paralelamente a esse movimento nos EUA, e talvez um dos principais influentes na produção que viria acontecer posteriormente, acontecia na Europa a Nouvelle Vague, um dos mais importantes movimentos da história do cinema mundial, que revolucionava o modo como cinema seria visto. Além disso, fenômenos de um cinema pós-guerra podiam ser vivenciados no norte europeu e no oriente.

A relação de amor e ódio que se estabeleceu entre cineastas americanos e a nouvelle vague foi fundamental para a produção de ambos os movimentes. A Nova Hollywood surgiu em resposta aos clássicos do movimento europeu, e ao antigo sistema hollywoodiano estabelecido nos EUA.

Alguns dos primeiros filmes da Nova Hollywood foi Bonny&Clyde (Arthur Penn, 1967), que também pode ser considerado um Road Movie, juntamente com A Primeira Noite de Um Homem (Mike Nichols, 1967). Esses filmes mudaram todo um paradigma de linguagem e narrativa estabelecido pelo cinema clássico norte-americano.

Em meio a esse contexto de contracultura e de Nova Hollywood, surge Easy Rider, um símbolo tanto de revolução no cinema, quanto em relação à sua temática e ao modo como lida com o espectador, gerando profunda identificação.

A própria história da produção do filme é um tanto conturbada. Dennis Hopper chegou no final das gravações já bem “doidão” e para terminar o filme, Fonda teve que distraí-lo para conseguir terminar a montagem do filme. Conseguir uma boa distribuição foi difícil no começo, mas com a grande aceitação do público após sua estréia, logo ganhou prêmios e se consagrou.

A ESTRADA

Jack Kerouac talvez seja o grande símbolo do gênero Road. Penso que sem a existência do seu best-seller On The Road não houvesse tanta repercussão em torno do tema. Kerouac retratou de forma magistral as grandes viagens e reflexões da vida na estrada. E foi ali que se formou uma relação de cumplicidade entre aquele que busca e a estrada.

A busca pela liberdade, a busca pela América, a busca por conhecer a si mesmo. Não importa o que é buscado, a estrada é o lugar ideal para não se achar o que se quer, mas sim para continuar sempre buscando. É o lugar nenhum, é a catarse, é o renegar dos valores tradicionais da vida nas cidades, das convenções e das regras.



Por Marina Botelho