quarta-feira, 30 de junho de 2010

Transamérica, temática gay sem estereótipos.

Realizado de forma independente,essa produção norte americana de 2005 foi dirigida por Duncan Tucker, que teve a ideia de filmar sobre transgêneros depois de descobrir que a garota com quem dividia um apartamento há quatro meses era na verdade um homem.
Depois disso, Tucker criou a personagem Sabrina(Felicity Huffman),registrada como Stanley e que luta para realizar sua cirurgia de mudança de sexo.
Apenas uma semana antes de concretizar seu grande sonho,Sabrina (ou Bree,como gosta de ser chamada) descobre ter um filho adolescente,Toby(Kevin Zeger). Com essa revelação, a terapeuta de Bree, interpretada por Elizabeth Peña,recusa-se a assinar a autorização para sua cirurgia,obrigando Bree a se aproximar do filho. Os dois fazem,então, uma viagem pelo pais e vão se conhecendo, se aproximando de forma lenda,muito gradativa.
Fica muito claro ao longo do filme,como as mudanças s
ão sutis nos dois personagens e como a estrada contribui para isso tudo. Se Bree e Toby tivessem ido morar juntos logo de cara, por exemplo, parece que essa mudanças que ocorrem no modo dos dois encararem o outro e a si mesmos,não teria ocorrido. A tal liberdade, a falta de limites (subjetivos e fisicos) da estrada que aproximam pai e filho.
Interessante reparar como o filme apresenta, sem estardalhaços,o conservadorismo ainda vigente na sociedade norte-americana. Bree
é uma pessoa a margem dessa sociedade e se relaciona,majoritariamente,com pessoas de setores tambem marginalizados. Ela trabalha num restaurante mexicano, sua terapeuta é portenha, seu único interesse amoroso visível é um trabalhador índio, e a própria família – a mãe perua (Fionnula Flanagan), o pai submisso (Burt Young) e a irmã arredia (Carrie Presto) – é, apesar de ter um padrão de vida confortável, claramente outsider. A sugestão é evidente: a classe média WASP (brancos, anglo-saxões e protestantes) não aceita bem pessoas como eles.
Muitos filmes que versam sobre o tema da homossexualidade,transsexualidade não são bem recebidos pelo proprio publico gay, que não se enxerga em personagens por demais caricatos e distantes de sua realidade. Esse nao é o caso de Transamérica.
Um roteiro que não esteriotipa e a grande atuação da protagonista foram o ponto crucial para que o filme fosse bem aceito pelo publico LGBT`s.
A caracterização de Sabrina foi composta a partir de uma pesquisa minunciosa sobre o mundo dos transsexuais e trans
gêneros feita pelo diretor. E no decorrer do longa percebemos que Felicity Huffman percebeu,realmente, essa realidade,vivendo uma mulher angustiada, que tem nojo do próprio pênis e se sente presa no corpo de um homem. Ela,inclusive,conviveu com alguns transexuais para fazer o papel e teve uma consultora no set de filmagem.
A atriz,que interpreta a personagem Lynette Scavo na serie de TV americana Desperate Housewives, foi vencedora do Globo de Ouro por sua atuação em Transamérica e perdeu o Oscar de Melhor atriz (para muitos,injustamente) para Reese Witherspoon por "Johnny e June".
Vale ressaltar que existem outros Road Movies que abordam esse tema,como
Priscilla a Rainha do Deserto, de 1994 com Terence Stamp, Hugo Weaving e Guy Pearce que interpretam três drag queens viajando pelo deserto australiano enquanto apresentam um divertido show. O transporte é um ônibus caindo ao pedaços batizado de ''Priscila''. O filme venceu o Oscar de melhor figurino.

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