domingo, 23 de maio de 2010

We blew it!


Easy Rider – O símbolo do Road Movie

Em nosso primeiro encontro do Cinema Aberto foi exibido o filme Easy Rider, de 1969, dirigido por Dennis Hopper, produzido por Peter Fonda e com os dois como protagonistas.

A discussão girou em torno dos objetivos das atividades e de uma possível delimitação de características dos Road Movies enquanto estratégia de discurso cinematográfico.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Easy Rider é fruto de uma geração que viveu o fenômeno da contracultura nos Estados Unidos. Uma geração que presenciava a Guerra do Vietnã e se pautava por elementos da cultura hippie, do movimento new age e pela busca da liberdade.

O amor livre, o uso de drogas enquanto busca por outras percepções de mundo e a música rock n´roll ditavam todo um modo de comportamento. Pela primeira vez a geração se via retratada nas telonas.

O filme Easy Rider é um exemplo bem consolidado de Road Movie pois constrói um duplo diálogo em relação ao momento em que surgiu no cinema hollywoodiano e em relação à sua temática e a forma como a sociedade lidou com ela.

Já na década de 60, os antigos produtores viviam uma grande estagnação e talvez os últimos dias da Hollywood como conheciam. Já se passara o tempo das grandes produções de estúdio, dos clássicos westerns, noirs e consagrados musicais. Surgiam nos EUA as primeiras escolas de cinema e jovens cineastas que buscavam por um meio de produzirem seus filmes e conseguirem visibilidade.

As chances não eram muitas, pois a grande maioria das produtoras estavam nas mãos dos velhos e tradicionais nomes da produção cinematográfica, pouco favoráveis a mudanças.

Paralelamente a esse movimento nos EUA, e talvez um dos principais influentes na produção que viria acontecer posteriormente, acontecia na Europa a Nouvelle Vague, um dos mais importantes movimentos da história do cinema mundial, que revolucionava o modo como cinema seria visto. Além disso, fenômenos de um cinema pós-guerra podiam ser vivenciados no norte europeu e no oriente.

A relação de amor e ódio que se estabeleceu entre cineastas americanos e a nouvelle vague foi fundamental para a produção de ambos os movimentes. A Nova Hollywood surgiu em resposta aos clássicos do movimento europeu, e ao antigo sistema hollywoodiano estabelecido nos EUA.

Alguns dos primeiros filmes da Nova Hollywood foi Bonny&Clyde (Arthur Penn, 1967), que também pode ser considerado um Road Movie, juntamente com A Primeira Noite de Um Homem (Mike Nichols, 1967). Esses filmes mudaram todo um paradigma de linguagem e narrativa estabelecido pelo cinema clássico norte-americano.

Em meio a esse contexto de contracultura e de Nova Hollywood, surge Easy Rider, um símbolo tanto de revolução no cinema, quanto em relação à sua temática e ao modo como lida com o espectador, gerando profunda identificação.

A própria história da produção do filme é um tanto conturbada. Dennis Hopper chegou no final das gravações já bem “doidão” e para terminar o filme, Fonda teve que distraí-lo para conseguir terminar a montagem do filme. Conseguir uma boa distribuição foi difícil no começo, mas com a grande aceitação do público após sua estréia, logo ganhou prêmios e se consagrou.

A ESTRADA

Jack Kerouac talvez seja o grande símbolo do gênero Road. Penso que sem a existência do seu best-seller On The Road não houvesse tanta repercussão em torno do tema. Kerouac retratou de forma magistral as grandes viagens e reflexões da vida na estrada. E foi ali que se formou uma relação de cumplicidade entre aquele que busca e a estrada.

A busca pela liberdade, a busca pela América, a busca por conhecer a si mesmo. Não importa o que é buscado, a estrada é o lugar ideal para não se achar o que se quer, mas sim para continuar sempre buscando. É o lugar nenhum, é a catarse, é o renegar dos valores tradicionais da vida nas cidades, das convenções e das regras.



Por Marina Botelho

Nenhum comentário:

Postar um comentário